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Mulheres que impulsionam o setor de BIM no Brasil – Entrevista com Maria Debenest

Marketing • Criado em: 11/08/2025 10:00


A MAPData NTI, apoiadora da edição Women in BIM 2025, desenvolveu uma série de entrevistas exclusivas com nove mulheres que estão transformando o setor construtivo por meio do BIM. Atuando em diferentes segmentos e trazendo trajetórias inspiradoras, essas profissionais compartilham experiências, visões e contribuições que promovem inovação, equidade e liderança. Boa leitura!

Por Sabrina Scarpare - jornalista freelancer com foco em storytelling e criação de conteúdo com IA.

Maria Debenest é arquiteta e urbanista formada pelo Mackenzie São Paulo em 2003 e atua como BIM Manager na Delta Projetos Gerenciamento e Construções desde 2019. Aos 45 anos, ela coordena a área de arquitetura a compatibilização de projetos industriais e corporativos dentro da empresa. Sua trajetória na arquitetura começou de forma natural, mas sem grandes pretensões. "Escolhi arquitetura porque era a área mais alinhada às minhas afinidades. Sempre gostei de desenhar, de exatas, de natureza, biologia e de observar construções em geral. Meu irmão cursava engenharia na época e eu adorava ouvir as histórias que ele contava, o que também me influenciou."

Seu início profissional foi no paisagismo, onde realizou os primeiros estágios. "Inclusive, estou retornando ao paisagismo agora, mas trazendo toda a bagagem que adquiri com a modelagem." Maria sempre teve facilidade em entender espaços e conexões entre áreas, o que tornou a arquitetura um caminho natural. Após se formar, trabalhou por quase 10 anos em um escritório voltado para projetos de varejo, que exigiam dinamismo e prazos curtos. Durante esse período, utilizava o AutoCAD, ferramenta que ainda usa em algumas ocasiões.

O primeiro contato de Maria com o BIM (Building Information Modeling) aconteceu de forma curiosa, por influência de seu marido, também arquiteto e da mesma turma de faculdade. "Ele já estava trilhando outros caminhos na arquitetura e estudando ferramentas de modelagem. Ele me falava sobre o BIM e eu percebi que precisava começar a entender esse universo. Tentei implementar a metodologia no escritório onde trabalhava, mas enfrentei muita resistência. Havia uma curva de aprendizado e as pessoas não estavam dispostas a mudar." Diante disso, ela decidiu abrir seu próprio escritório com o marido, onde começaram a prestar serviços para construtoras e escritórios de arquitetura, modelando projetos em 3D a partir de desenhos em 2D. "Fizemos isso de 2013 a 2018, entregando projetos modelados com todas as informações técnicas antes de entrarem na obra."

Em 2019, Maria ingressou na Delta Projetos Gerenciamento e Construções com a missão de auxiliar a equipe na implementação do BIM. "A empresa estava passando por uma importante virada de chave, saindo do 2D para o 3D. Com a modelagem, passamos a ter elementos com informações e gerenciamento de dados, o que permite extrair documentações de projetos com muito mais assertividade. Isso reduz interferências e problemas na obra, diminuindo gastos com materiais e mão de obra. Com o BIM, é possível corrigir falhas ainda na fase de projeto." Desde então, criou uma equipe de arquitetura e projeto civil dentro da Delta, que desenvolve tudo com modelagem.

Trabalhar com BIM em um setor ainda em transformação digital é desafiador, e Maria sente resistência de alguns profissionais. "A maior dificuldade é fazer com que todos os envolvidos na obra entendam que o BIM é uma ferramenta que ajuda de diversas formas: reduz erros, problemas de execução e confusões de informações. A plataforma é intuitiva e permite incluir todas as pessoas no projeto, inclusive o cliente, que pode fazer comentários e criar um histórico, elevando a qualidade da comunicação. Mas a adaptação é um processo gradual, que exige paciência para que todos aceitem e tenham acesso às novas informações."

Entre os projetos marcantes de sua carreira, ela destaca a ampliação de uma fábrica alimentícia. "Foi o projeto mais completo em relação ao BIM que já fizemos. Ele envolveu instalações e estruturas muito complexas, e conseguimos modelar e compatibilizar tudo, da parte civil à estrutural. Participamos de todas as fases, da concepção à entrega final, em um ano e meio. Apesar de algumas falhas, foi um projeto grandioso e muito positivo para o escritório."

Maria também destaca o papel das mulheres na liderança dentro da Delta Projetos Gerenciamento e Construções. "Uma das sócias diretoras e fundadoras da Delta é a Carol, uma mulher com um posto bem representativo e muita autoridade. Desde o início, tive abertura para falar sobre minhas necessidades e criar a área de arquitetura. No começo, senti resistência de algumas pessoas mais velhas, mas isso mudou bastante com o tempo. Hoje, os profissionais de obra me procuram diretamente para tirar dúvidas e dar sugestões. A comunicação precisa ser clara, caso contrário teremos problemas, e eu acredito que conseguimos trabalhar bem em conjunto."

Ela acredita que as mulheres têm uma habilidade natural para enxergar o todo com mais detalhes. "Fomos condicionadas desde crianças a executar várias funções ao mesmo tempo, e isso é muito valioso na compatibilização de projetos. Lidar com muitas disciplinas, detalhes e informações e transformá-los em um projeto único é algo que fazemos muito bem."

Maria está animada para participar do evento Women in BIM em São Paulo. "Quando fui convidada, fiquei muito feliz. Meu primeiro contato com o BIM foi em 2010, quando as pessoas nem sabiam o que era. Me sinto uma pioneira. É gratificante olhar para o passado e ver minha evolução com o BIM. As mulheres têm um papel importante e estão fazendo trabalhos espetaculares em áreas de coordenação e gerência de BIM. Eventos como esse mostram que é possível alcançar reconhecimento pela qualidade do nosso trabalho e nos motivam a continuar."

Na vida pessoal, Maria valoriza o equilíbrio. "Nunca tive a tendência de ser workaholic e sempre entendi que a saúde mental é fundamental para exercer qualquer função. Levo muito a sério os períodos de descanso. Nunca me gabei de trabalhar horas a fio, acho problemático achar isso bonito. Gosto de cuidar das minhas plantas, elas precisam de mim. Ter horários determinados para mim e para minha família é essencial." Maria também participa de uma roda de samba de mulheres, onde toca reco-reco e cuíca. "Tocamos, cantamos e ensaiamos toda semana. É algo que me traz muita alegria."

Ela finaliza com uma mensagem para quem está começando: "Observe tudo ao seu redor como aprendizado. Não desista. Durante a jornada, haverá críticas, mas não se frustre, pois toda profissão tem seus altos e baixos. Isso faz parte do processo de aprender."

Women in BIM

Women in BIM é uma rede diversificada de profissionais do sexo feminino na indústria de AEC dedicada a apoiar mulheres em funções relacionadas ao BIM para habilidades, educação e progressão na carreira. A WIB é bem-sucedida em capacitar mulheres em todo o mundo, fazendo contribuições revolucionárias para o desenvolvimento digital do ambiente construído.

Em 2025 a MAPData NTI integra o ecossistema de apoiadores do evento. Visando fomentar a iniciativa desenvolveu uma série de entrevistas com parceiras que fazem a diferença no universo BIM brasileiro. Para saber mais sobre e garantir a sua participação no evento de São Paulo em 28 de agosto, acesse: womeninbim.org/pt/women-in-bim

 

 





TAGS: Entrevista WIB 2025 AEC BIM Histórias
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