Arquitetura, Engenharia e Construção, Caso de Sucesso, Parcerias

Tempo de leitura: 6 minutos

Mulheres que impulsionam o setor de BIM no Brasil – Entrevista com Julianna Crippa

Marketing • Criado em: 15/08/2025 0:00


A MAPData NTI, apoiadora da edição Women in BIM 2025, desenvolveu uma série de entrevistas exclusivas com nove mulheres que estão transformando o setor construtivo por meio do BIM. Atuando em diferentes segmentos e trazendo trajetórias inspiradoras, essas profissionais compartilham experiências, visões e contribuições que promovem inovação, equidade e liderança. Boa leitura!

Por Sabrina Scarpare - jornalista freelancer com foco em storytelling e criação de conteúdo com IA.

 

Julianna Crippa é engenheira civil, mestre em Construção Civil e doutora em Sustentabilidade Urbana. Aos 32 anos, natural de Concórdia, Santa Catarina, ela vive em Curitiba há 18 anos, onde administra sua própria empresa, a Wecity, em que presta serviços de Consultoria BIM (Modelagem da Informação da Construção e CIM (Modelagem da Informação da Cidade). Além disso, é professora, coordenadora de pós-graduação e palestrante, com uma rotina multifacetada e intensa. Desde 2021, ela presta serviços para o IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), autarquia da Prefeitura Municipal de Curitiba e, há dois meses, assumiu o cargo de Supervisora BIM na Engefoto Engenharia e Aerolevantamentos. Também dá aulas na FAE nos cursos de arquitetura, engenharia civil e engenharia de produção, e coordena no IDD a pós-graduação em gestão de projetos aplicada ao BIM e Lean Construction.

Apesar de sua rotina cheia, Julianna sente que está sempre fazendo coisas diferentes. "Quando a rotina fica monótona, me envolvo em outros trabalhos. Gosto de desafios e de aprender constantemente." Ela já atuou como mentora no Women in BIM em 2023 e 2024, reforçando seu compromisso com o avanço das mulheres no setor. Desde a faculdade, sempre teve interesse por infraestrutura, área que direcionou seus estágios. "Concluí a faculdade em 2015, mas não consegui um emprego imediato na área de infraestrutura, que era minha paixão. O mercado estava desaquecido e o BIM ainda era voltado principalmente para edificações."

Começou sua carreira acompanhando obras e fazendo projetos de edificações e residências, mas sentia que não era o que realmente a motivava. "Minha mãe é designer de interiores e comecei minha jornada no escritório dela. Em paralelo, dava aulas de inglês e foi aí que tive certeza de que queria fazer mestrado para me tornar professora. Sempre fui comunicativa e gostava de ensinar." Seu mestrado foi focado em BIM para Sustentabilidade em Edificações, e, em setembro de 2024, concluiu seu doutorado em Sustentabilidade Urbana, defendendo a tese sobre a integração de ASCV (Avaliação da Sustentabilidade do Ciclo de Vida) com CIM para otimização de traçados de corredores urbanos. "Foi nesse momento que voltei para a área que é minha grande paixão. Trabalhar com sistemas viários e infraestrutura me faz sentir que estou contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e para o desenvolvimento da nação."

Seu primeiro contato com o BIM foi durante o TCC da graduação, em 2015. "Foi uma experiência muito interessante. O grupo decidiu trabalhar com BIM devido à experiência de duas participantes que fizeram o Ciências sem Fronteiras. Eu estudei no Canadá e uma colega no Reino Unido, onde vimos que o BIM já era pesquisado. Decidimos falar sobre essa tecnologia junto com análise de carbono e custo, usando ferramentas BIM. O trabalho foi muito elogiado e abriu as portas para o meu mestrado." Já sua experiência prática com o BIM começou em 2017, quando deixou a bolsa do mestrado para trabalhar em uma startup de BIM. "Foi lá que comecei a entender, de fato, a metodologia e sua aplicação prática."

Na visão dela, o BIM traz muitos benefícios para quem o incorpora. "O mercado tem receio de implementar algo novo e mudar o que já está funcionando, mas a grande virada começou em 2024, com a obrigatoriedade do BIM em contratações públicas pela Nova Lei de Licitações. Isso está ajudando o mercado a evoluir e deixando os profissionais mais maduros."

Um dos projetos mais marcantes de sua carreira é o Projeto do Novo Inter 2, ainda em obras, em Curitiba, que envolve a ampliação da capacidade e velocidade de uma linha de ônibus com quase 40 km de extensão. "Além do sistema viário urbano, o projeto inclui reformas e ampliações de terminais urbanos. É o primeiro caso de implantação de BIM em Curitiba e, por ser um projeto piloto, aprendemos muito ao longo do processo. Foi uma oportunidade incrível de aprendizado e inovação."

Ela acredita que o BIM vai além da tecnologia, promovendo maior comunicação entre as equipes. "É preciso integrar projetistas, orçamentistas, planejadores e construtoras. Sem comunicação, o BIM não funciona. Não é mais viável segmentar disciplinas; é necessário integrar o projeto como um todo." Ela também destaca a automação como uma grande oportunidade para o mercado. "Ainda não estamos maduros o suficiente para automatizar muitos processos, mas o BIM traz essa possibilidade de fazer projetos melhores, em menos tempo, com mais eficiência."

Sobre sua posição de liderança, ela considera que ser professora foi o que mais a tirou da zona de conforto. "Liderar uma sala de aula com 60 alunos de 20 anos é desafiador, mas muito gratificante. Ser professora é uma profissão muito aberta às mulheres e carrega um significado ancestral para mim, já que minha bisavó, avó e mãe também foram professoras." Já em cargos públicos, onde lida com tomadores de decisão, a maioria homens, a profissional sente que precisa se posicionar estrategicamente. "É mais complicado fazer valer nossa opinião, mas tudo é uma questão de adaptação. Aprendemos como abordar, conversar e conquistar respeito. As mulheres enfrentam barreiras na liderança, mas estamos conquistando nosso espaço."

Julianna acredita que sua trajetória acadêmica foi uma estratégia para validar suas competências. "Ser professora, fazer mestrado e doutorado foi a minha forma de mostrar meu valor e ser reconhecida. Mulheres são detalhistas e, no BIM, temos o papel de transformar projetos e obras com qualidade e excelência, olhando toda a jornada, do começo ao fim."

Desde que conheceu o Women in BIM, admira a iniciativa."É uma rede de conexão que nos permite enxergar outras mulheres, trocar experiências e nos inspirar. Ver mulheres em cargos que admiramos nos incentiva a continuar nossa trajetória."

Na vida pessoal, essa profissional multifacetada valoriza o equilíbrio. "Sou casada, mas não temos filhos. Apesar da agenda cheia, me dedico para priorizar tempo à minha família, amigos e ao meu companheiro. Aprendi a negociar prazos e horários para não dizer sim a tudo. É importante colocar limites no trabalho." Ela também é apaixonada por corrida e completou sua primeira meia maratona no Rio de Janeiro em junho. "Correr me dá energia, limpa minha mente e tem um impacto maravilhoso na minha vida. Também faço pilates e treino funcional, pois não abro mão da minha saúde mental e física. Já passei por situações de trabalho extremo e não quero voltar a essa rotina. A maturidade me trouxe essa consciência."

Para finalizar a matéria, Julianna deixa uma mensagem inspiradora aos profissionais de sua área: "Não tenham medo de se posicionar e sair da zona de conforto. Estudem, se qualifiquem. O conhecimento é algo que ninguém pode tirar de nós. Se você souber o que está falando, será lembrada. Não se sintam inseguras, compartilhem seus conhecimentos e mostrem seu valor."

Women in BIM

Women in BIM é uma rede diversificada de profissionais do sexo feminino na indústria de AEC dedicada a apoiar mulheres em funções relacionadas ao BIM para habilidades, educação e progressão na carreira. A WIB é bem-sucedida em capacitar mulheres em todo o mundo, fazendo contribuições revolucionárias para o desenvolvimento digital do ambiente construído.

Em 2025 a MAPData NTI integra o ecossistema de apoiadores do evento. Visando fomentar a iniciativa desenvolveu uma série de entrevistas com parceiras que fazem a diferença no universo BIM brasileiro. Para saber mais sobre e garantir a sua participação no evento de São Paulo em 28 de agosto, acesse: womeninbim.org/pt/women-in-bim

TAGS: Entrevista Entrevista WIB 2025 AEC BIM Histórias
Foto autor

Marketing

Aqui estão os artigos da equipe MAPData com o viés publicitário e jornalístico. Dentre eles: casos de sucesso, notícias dos universos Autodesk, Adobe e Microsoft e traduções de outros autores do segmento.




É necessário estar logado para realizar um comentário. Logar

Comentários:
Logo MAPData
Copyright © 2024 MAPData - Revendedor Autorizado Autodesk, Microsoft e Adobe. Todos os direitos reservados.