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Mulheres que impulsionam o setor de BIM no Brasil – Entrevista com Joyce Delatorre

Marketing • Criado em: 08/08/2025 11:00


A MAPData NTI, apoiadora da edição Women in BIM 2025, desenvolveu uma série de entrevistas exclusivas com nove mulheres que estão transformando o setor construtivo por meio do BIM. Atuando em diferentes segmentos e trazendo trajetórias inspiradoras, essas profissionais compartilham experiências, visões e contribuições que promovem inovação, equidade e liderança. Boa leitura!

Por Sabrina Scarpare - jornalista freelancer com foco em storytelling e criação de conteúdo com IA.

Joyce Delatorre é Executiva de Indústria para Arquitetura, Engenharia e Construção na Autodesk e atua em nível nacional. Natural de São Paulo, ela tem 42 anos e se formou em 2008 em Arquitetura e Engenharia pela USP, além de possuir Mestrado em Engenharia e BIM (Building Information Modeling). Joyce trabalha diretamente com clientes para entender seus desafios e objetivos de negócios, buscando melhorar a eficiência interna em projetos e construções. Seu papel é oferecer diagnósticos que permitam aos clientes aprimorar o dia a dia de seus trabalhos com o uso das tecnologias da Autodesk, ajudando-os a atingir metas como redução de custos, prazos mais curtos e maior eficiência operacional. Ela explica: "Minha missão é acompanhar os clientes em diferentes estágios de maturidade digital, desde aqueles que estão iniciando a transformação digital até os mais avançados, para identificar onde as tecnologias podem agregar valor."

Joyce relembra o início de sua carreira, que começou antes mesmo de sua graduação, como estagiária na Autodesk. "Foi lá que tive contato com diversas tecnologias voltadas à construção civil. Após me formar, trabalhei em uma construtora, onde percebi várias possibilidades de melhoria. Muitos processos ainda eram realizados de forma tradicional, e consegui identificar falhas e sugerir ideias para otimizar os resultados com o uso das tecnologias que havia conhecido durante o estágio. Foi nesse contexto que desenvolvi um projeto aplicativo voltado para o uso do BIM, ajudando nas etapas de orçamento e quantitativo." Esse foi o ponto de partida para sua jornada na metodologia BIM.

Ao longo dos anos, tanto na construtora quanto no escritório de projetos, Joyce esteve sempre voltada à inovação, gestão de processos e desenvolvimento de pessoas. "Meu foco era levar mais tecnologia para atingir resultados específicos, tanto na etapa de projetos de arquitetura e instalações quanto na construção, com gestão de custos, prazos e qualidade. Há 15 anos, o uso de tecnologia nos canteiros de obra era algo muito novo, mas fui me interessando cada vez mais pelo tema e decidi fazer um mestrado na área de BIM para me atualizar e aprofundar meus conhecimentos. Além disso, sempre estive ativa no mercado, participando de eventos não apenas para meu desenvolvimento profissional, mas também para contribuir com a evolução do setor. Hoje, acredito que o Brasil alcançou uma maturidade interessante em relação à metodologia BIM, mas reforço que participar de eventos e associações ainda é essencial para o avanço do mercado como um todo."

Seu primeiro contato com o BIM foi em 2007, na própria Autodesk. "Na época, eu não conhecia a metodologia, mas era responsável por preparar treinamentos para construtoras e escritórios de projetos sobre o uso das ferramentas, abordando pessoas, processos e tecnologias. Com o tempo, fui conhecendo mais as soluções da Autodesk e senti a necessidade de entender como a metodologia poderia ser inserida nos fluxos de trabalho das etapas de projeto e construção."

Para ela, os maiores desafios ao trabalhar com BIM em um setor ainda em transformação digital estão relacionados à mudança cultural dentro das empresas. "O grande desafio não é tanto a tecnologia, mas sim a cultura organizacional. É necessário conscientizar as pessoas sobre a mudança de metodologia e superar as barreiras dos profissionais que resistem a mudar a forma como estão acostumados a trabalhar. Muitas vezes, a empresa tem interesse em evoluir tecnologicamente, mas não considera a cultura interna, o que pode fazer com que os processos falhem."

Ela reforça que a tecnologia, por si só, não resolve os problemas. "Não adianta ter a tecnologia e realizar treinamentos se as pessoas não mudarem a forma de pensar ou não estiverem abertas a trabalhar de maneira diferente. "Quando existe resistência interna, o apoio de líderes e gestores é fundamental para entender que a diminuição de produtividade inicial nos processos será compensada ao longo do tempo, conforme a equipe esteja treinada no novo processo. Muitas vezes, a pressão do dia a dia e a resistência cultural impedem que os processos BIM evoluam tanto quanto poderiam dentro das empresas."

Ao longo de sua carreira, Joyce participou de diversos projetos envolvendo BIM, mas destaca um em especial: "Um projeto marcante foi a construção de um shopping. Nesse projeto, fizemos toda a análise utilizando a metodologia BIM para compatibilização e quantitativos. Na mesma época, a empresa também estava construindo outro shopping usando métodos tradicionais. Para mim, foi muito interessante acompanhar o desempenho das duas obras. Com o BIM, foi possível detectar uma série de erros, e o retorno sobre o investimento na tecnologia foi superior a 300%."

Ela explica que as empresas muitas vezes demoram a adotar tecnologias devido ao custo inicial, mas, quando os ganhos proporcionados são analisados, como eliminação de retrabalho, redução de problemas construtivos e otimização de tempo, o investimento se paga facilmente. "Os custos atrelados à obra geralmente são muito maiores do que os custos da tecnologia. Mostrar os resultados finais para gestores e investidores foi gratificante e ajudou a justificar novos investimentos para o ano seguinte."

Joyce acredita que o BIM tem transformado o setor da construção civil de diversas formas. "Os benefícios mais claros são a eliminação de desperdícios, a redução de retrabalho e, consequentemente, a diminuição de prazos e custos. Além disso, o BIM permite resolver problemas e testar soluções antes da execução, garantindo projetos de maior qualidade." Ela também destaca a evolução do uso do BIM para a gestão de dados, promovendo uma melhor colaboração entre equipes. "O BIM é amplamente utilizado como eixo de comunicação e troca de informações ao longo de todo o ciclo de vida de um empreendimento."

Assumir uma posição de liderança em um setor historicamente dominado por homens foi e continua sendo um desafio para Joyce. "O mercado de projetos e construção ainda é predominantemente masculino e, como mulher, muitas vezes sinto que preciso provar mais para conquistar meu espaço. Temos mais barreiras e precisamos mostrar mais resultados para ganhar confiança no mundo corporativo." No entanto, Joyce acredita que as diferenças culturais entre homens e mulheres contribuem para trazer diferentes pontos de vista sobre o mesmo assunto. "Por natureza, a mulher tem mais flexibilidade, criatividade e capacidade de enxergar por diferentes ângulos. Também tive a sorte de contar com bons líderes que me ajudaram a guiar minha carreira, mas não deixei de enfrentar desafios ao longo do caminho."

Joyce está animada para participar do evento Women in BIM em São Paulo. "Será um momento de troca muito importante. É um espaço rico para conhecer outras mulheres, tecnologias e fazer contatos. Esses eventos são fundamentais para encontrar oportunidades e evoluir no universo do BIM."

Na vida pessoal, Joyce busca equilíbrio. "Gosto de ter tempo para minha família, amigos e atividades pessoais, embora reconheça que preciso melhorar nesse aspecto. Dar um tempo é fundamental para a saúde mental." Como hobby, ela pratica dança de salão há anos, que considera sua válvula de escape. "É um mundo à parte do corporativo."

Joyce finaliza dizendo que gosta muito do que faz. "Trabalho com o que acredito e gosto de estar junto de pessoas que se desenvolvem com o uso da tecnologia. No futuro, me vejo nesse universo de inovação, ajudando empresas e me atualizando constantemente." Para quem está começando, Joyce deixa um conselho: "Amplie seus horizontes. O setor de AEC é muito amplo e oferece diversos campos de atuação. Experimente, conheça as possibilidades e encontre o que faz sentido para você. O início da carreira é um momento de experimentação. Fique de olho nas oportunidades, direcione sua trajetória e não desista dos seus sonhos. A jornada vale a pena."

Women in BIM

Women in BIM é uma rede diversificada de profissionais do sexo feminino na indústria de AEC dedicada a apoiar mulheres em funções relacionadas ao BIM para habilidades, educação e progressão na carreira. A WIB é bem-sucedida em capacitar mulheres em todo o mundo, fazendo contribuições revolucionárias para o desenvolvimento digital do ambiente construído.

Em 2025 a MAPData NTI integra o ecossistema de apoiadores do evento. Visando fomentar a iniciativa desenvolveu uma série de entrevistas com parceiras que fazem a diferença no universo BIM brasileiro. Para saber mais sobre e garantir a sua participação no evento de São Paulo, em 28 de agosto, acesse: womeninbim.org/pt/women-in-bim .

 

TAGS: Entrevista WIB 2025 AEC BIM Histórias
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