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Por Sabrina Scarpare - jornalista freelancer com foco em storytelling e criação de conteúdo com IA.

Fernanda Machado é arquiteta e urbanista, mestra em Arquitetura, Tecnologia e Cidade pela UNICAMP e especialista em Gerenciamento BIM pelo SENAI CIMATEC. Natural de Salvador, Bahia, Fernanda tem 36 anos e mora em São Paulo desde 2019, quando começou sua trajetória na Autodesk. Atualmente, ela ocupa o cargo de Executiva de Indústria Sênior, liderando iniciativas estratégicas da empresa com clientes de relevância em todo o Brasil. Sua atuação é marcada por um propósito claro: potencializar o uso da tecnologia para transformar processos e criar casos de sucesso no mercado.

"Na Autodesk, nosso objetivo é trabalhar próximos aos clientes, construindo um relacionamento forte e ajudando-os a pensar em estratégias de inovação. Apresentamos recursos tecnológicos que os ajudam a alcançar um nível de maturidade maior no mercado, sempre com foco em engenharia de valor. É uma construção conjunta, onde buscamos projetá-los como líderes no uso das tecnologias Autodesk." Um exemplo desse trabalho é a parceria com a Eletrobras, que, quando Fernanda ingressou na empresa em 2019, ainda estava explorando como integrar metodologias em seus processos. "Hoje, a Eletrobras é um destaque global, resultado de um trabalho contínuo de integração e digitalização."

Além de atuar com empresas privadas, Fernanda também trabalha com governos, o que considera desafiador, mas extremamente recompensador. "Os processos são mais burocráticos, mas o resultado é magnífico, pois qualificar a entrega de melhores obras e aprimorar a gestão de recursos públicos impacta positivamente toda a sociedade." Um caso marcante é sua atuação com a Prefeitura do Recife desde 2022, após a ocorrência de fortes chuvas que provocaram deslizamentos de terra e óbitos na capital e região metropolitana. "A prefeitura promoveu um conjunto de iniciativas para tornar a cidade mais resiliente a eventos catastróficos, e nós ajudamos a estruturar esse processo com nossas tecnologias. Reduzimos o tempo de análise de projetos em 40%, o que foi crucial para obras emergenciais, além de melhorar a gestão de riscos e a qualidade das obras públicas."

Fernanda conta que sua escolha pela arquitetura foi influenciada por seu pai, engenheiro civil, mas também por sua paixão por escrever, pesquisar e investigar. "Eu estava em dúvida entre jornalismo e arquitetura, mas acabei escolhendo arquitetura por influência do meu pai e por enxergar nela uma forma de transformar espaços e influenciar vidas." Durante a graduação, seu primeiro contato com o BIM foi em 2010, quando buscava otimizar a entrega de seus trabalhos. "Comecei a investir em capacitação e percebi que o BIM ia muito além da tecnologia. Ele transforma processos, muda paradigmas e promove uma colaboração saudável entre profissionais."

A pós-graduação em BIM foi um divisor de águas em sua carreira. "Foi durante a especialização que entendi o potencial do BIM e decidi me aprofundar. Conheci professores e colegas que me inspiraram a fazer o mestrado na UNICAMP, onde minha dissertação sobre o tema rendeu prêmios e abriu portas." Durante a pós, ela também fundou uma consultoria com colegas, onde pôde aplicar na prática o que aprendia. "Foi um período de muito aprendizado e amadurecimento no uso da tecnologia."

Entre os desafios de trabalhar com BIM, Fernanda destaca a resistência à mudança. "Convencer o cliente de que o BIM funciona é um dos maiores desafios. Muitos enxergam apenas o investimento inicial e não o retorno. Além disso, trabalhar com pessoas é sempre desafiador, pois há os entusiastas que abraçam a ideia, mas também aqueles que resistem e postergam o processo de implantação."

Um projeto marcante em sua carreira na Autodesk foi a digitalização do Museu do Ipiranga, um ícone brasileiro construído entre 1885 e 1890 na cidade de São Paulo. "O museu estava fechado há anos por risco de desabamento, e nossa missão era auxiliar no processo de digitalização para preservar a memória do patrimônio histórico. Trabalhamos com escaneamento de ponta, drones e modelagem para criar um registro detalhado do museu e do parque. Foi complexo, especialmente porque a pandemia começou logo após o levantamento, mas conseguimos concluir a primeira etapa em 2022."

Assumir uma posição de liderança em um setor historicamente dominado por homens foi um grande desafio para a profissional. "Na Autodesk, a cultura é aberta e receptiva à liderança feminina. Minha diretora é mulher, e sempre tive colegas homens que incentivaram minha carreira. Mas, no mercado, ser mulher significa trabalhar em dobro para obter reconhecimento que conseguimos realizar entregas com a mesma qualidade que um homem. Muitas vezes, precisamos superar as primeiras impressões para conquistar a confiança do cliente." Fernanda acredita que documentar suas ações e criar uma marca pessoal foi essencial para construir confiança e se posicionar no mercado. "Eu gosto de registrar minhas entregas e divulgar meus resultados, pois isso ajuda a construir credibilidade e a mostrar meu valor."

Fernanda também se orgulha de ser coordenadora geral do comitê científico e técnico do BIM Fórum Brasil, onde lidera grupos de trabalho a nível nacional. "É uma posição que traz visibilidade e validação, além de ser uma oportunidade de incentivar outras mulheres a continuarem suas trajetórias no setor."

Participar do evento Women in BIM em São Paulo é motivo de grande entusiasmo para ela. "Participei da primeira edição em Belo Horizonte e foi fantástico. Esses eventos são instrumentos importantes para incentivar as mulheres a se posicionarem e comunicarem seus trabalhos. Eles mostram que é possível alcançar posições de destaque e inspiram profissionais em diferentes níveis de carreira."

Na vida pessoal, Fernanda busca equilíbrio, apesar de passar 80% do tempo viajando. "A conciliação é difícil, mas sou sociável e tento combinar minhas viagens com momentos para rever amigos, jantar e ir a eventos. Adoro natureza, mergulhar, trilhas e praia. Sempre que posso, volto para Salvador para estar com minha família." Apaixonada por futebol, ela gosta de assistir jogos, ir a estádios e também dedica tempo a hobbies como leitura e séries. Recentemente, matriculou-se em um MBA em Finanças para expandir seus conhecimentos em mercado de ações e capitais. "É um projeto pessoal para entender mais sobre educação financeira."

Fernanda também tem planos de fazer um doutorado no futuro, possivelmente fora do Brasil. "Ainda não sei o tema, mas é algo que quero levar adiante no momento certo. Enquanto isso, sigo publicando artigos anualmente." Outro sonho é mergulhar em Galápagos para explorar mais a vida marinha, uma de suas paixões. "Tenho certificação de mergulho e quero aproveitar para conhecer os oceanos mundo afora."

Ela finaliza destacando a importância do apoio familiar, de amigos e de colegas profissionais. "Ter uma rede de apoio é fundamental para enfrentar os desafios e não desistir. Percalços sempre existirão, mas a forma como construímos nossas conexões faz toda a diferença no nosso crescimento pessoal e profissional."

Women in BIM

Women in BIM é uma rede diversificada de profissionais do sexo feminino na indústria de AEC dedicada a apoiar mulheres em funções relacionadas ao BIM para habilidades, educação e progressão na carreira. A WIB é bem-sucedida em capacitar mulheres em todo o mundo, fazendo contribuições revolucionárias para o desenvolvimento digital do ambiente construído.

Em 2025 a MAPData NTI integra o ecossistema de apoiadores do evento. E visando fomentar a iniciativa desenvolveu uma série de entrevistas com parceiras que fazem a diferença no universo BIM brasileiro. Para saber mais sobre e garantir a sua participação no evento de São Paulo em 28 de agosto, acesse: womeninbim.org/pt/women-in-bim.